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Traficantes, grileiros, garimpeiros et caterva

FSP - https://www1.folha.uol.com.br/
11 de Dez de 2024

Traficantes, grileiros, garimpeiros et caterva
Expansão de facções eleva taxa de mortes violentas na amazônia; ação do Estado não pode se resumir a conter desmatamento

11/12/2024

Após diminuição no desmatamento, chega da amazônia outra boa notícia: a queda no número de mortes violentas intencionais. Em 2023, foram 8.603 casos de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte ou mortes causadas por agentes de segurança, ante 9.096 no ano precedente.

De 2021 a 2023, o triênio analisado em "Cartografias da Violência na Amazônia" do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a taxa por 100 mil habitantes caiu 6,2%,

Mas não há razão para gáudio, uma vez que o indicador é de 32,3 mortos por 100 mil, 41,7% acima da média nacional, de 22,8.

O Amapá tem o pior índice (67,4), seguido por Amazonas (42,9). Entre os municípios, quatro do Pará -que sediará em 2025 a cúpula do clima COP30- lideram com números assustadores: Cumaru do Norte (141,3), Abel Figueiredo (115,5), Mocajuba (110,4) e Novo Progresso (102,7).

A Amazônia Legal vive uma transformação complexa, que não gera otimismo. O desmate pode estar em recuo, entretanto em paralelo se observam altas nas queimadas e na degradação da floresta (sem corte raso).

Assim como mudou o perfil da devastação, o crime organizado evolui de maneira irregular na região. É possível que a redução nas mortes intencionais decorra do domínio de facções sobre territórios cada vez maiores -eram 178 cidades em 2023, agora, 260.

O Comando Vermelho, do Rio de Janeiro, controla 129 delas; já a facção paulista Primeiro Comando da Capital (PCC) ocupa 28. E ainda sobra espaço para a Tropa do Castelar, os Piratas do Solimões, o Bonde dos 40 e outras organizações menores.

Apesar da queda de 93 para 71 toneladas de cocaína apreendidas entre 2022 e 2023, trata-se de enorme progressão diante das 22 toneladas de 2019.

Há indícios de avanço do garimpo ilegal, como o aumento de 170,5%, na Amazônia Legal, da receita com a Compensação Financeira pela Extração Mineral.

Tudo sugere que tráfico de drogas, extração de madeira, pesca e garimpo ilegais mancomunam-se à grilagem de terras. O vale-tudo fundiário se evidencia com os 11 mil imóveis rurais sobrepostos às unidades de conservação e outras 8.610 alegadas propriedades a esbulhar terras indígenas.

Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pretende perfilar-se no cenário global como protetor da amazônia e brilhar na COP30, mas a nova dinâmica da violência na região mostra que, para preservar o meio ambiente, é preciso que o Estado brasileiro exerça controle efetivo sobre a criminalidade em suas variadas frentes.

https://www1.folha.uol.com.br/opiniao/2024/12/traficantes-grileiros-gar…

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