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Sites trazem dados sobre povos indígenas

FSP, Informática, p. F1, F3
28 de Abr de 2004

Sites trazem dados sobre povos indígenas
Páginas informam sobre história e costumes e apresentam números da população, fotografias e notícias

Marijô Zilveti
Da reportagem local

Os conflitos dos cintas-largas em Rondônia voltam a colocar em destaque o problema indígena no Brasil. Os índios estão nas primeiras páginas dos jornais e também na internet, não só como tema de notícias, mas como usuários e criadores. Acaba de ser lançado um portal que vai servir para troca de informações entre povos indígenas. E quem quer saber mais sobre eles encontra muitos dados na rede.
Para conhecer estimativas da população indígena em 1500 e hoje, vá a www.webciencia.com/09_indios.htm. Lá você vai encontrar quadro com links e descrições de tribos da Amazônia.
Em www.pagina21.com.br/home-cham-8202.html, o interessado pode ler um texto em que o lingüista Nilson Gabas Júnior, do Museu Paraense Emílio Goeldi, fala a respeito de seu projeto de resgate da língua tupi, entre 130 índios da tribo dos araras (RO). Costumes, instrumentos e adornos dos bororos podem ser vistos em www.museu.ucdb.br/port/etno/bororo.htm#bororos. Se clicar no item "Bororo", vai ter acesso a um texto introdutório do antropólogo Claude Levi-Strauss.
Para ler sobre os interesses das empresas mineradoras nas áreas indígenas, como a dos gaviões (PA), vá a www.aesetorial.com.br/ext/cadernos/mineracao/meio8.htm. Vida doméstica e localização das terras (AC) dos catuquinas estão em www.pegue.com/indio/katukina.htm.
Sobre os caiapós, veja fotos de satélites de suas áreas demarcadas no Pará em www.geocities.com/pinkaiti/local.html. Uma galeria de imagens dos povos indígenas do vale do Javari, na região amazônica, está na página www.indiosisolados.org.br/ospovos.asp. Localizados no noroeste de Roraima, norte do Amazonas e sul da Venezuela, os ianomâmi estão representados em vários sites na rede. Consulte www.urihi.org.br/index.htm e clique em "Os Yanomami" para saber mais sobre esse grupo indígena.
Em jangadabrasil.com.br/fevereiro/of60200a.htm,saiba como as mulheres da tribo dos marubos, que residem em Atalaia do Norte (AM), confeccionam artefatos em cerâmica.
Apesar de não trazer fotos, um bom site que reúne informações sobre aproximadamente 50 etnias é o pegue.com/indio. Uma pesquisa escolar realizada por duas alunas traz algumas curiosidades, fotos e bibliografia em www.geocities.com/Athens/Crete/2467. Confira um interessante projeto de documentação fotográfica da tribo dos guaranis em www.highrisemarketing.com/djweb/historia.
Em www.amapa.gov.br/amapa-historia/indios.htm, o interessado pode conferir no item Índios as tribos que foram extintas. Há também links para mais sete etnias.
O site www.uvm.edu/giee/ateliers/brazil/mata_atlantica/precolonial.html, em inglês, mostra um mapa com indicações das tribos por região.
A rede inclui vasto material noticiário sobre conflitos entre os cintas-largas e os garimpeiros. Na Folha Online (www.folha.com.br/brasil), veja as últimas notícias ou digite "reserva indígena Roosevelt" no campo Busca para ter acesso a mais informações.
Sobre a fragilidade na fiscalização de mineração na área dos cintas-largas, leia ultimosegundo.ig.com.br/useg/brasil/artigo/0,,1589266,00.html.
Se digitar "reserva Roosevelt" em busca.estadao.com.br, do portal do Estadão, o internauta vai encontrar notícias organizadas por data e galeria de imagens.

Entidades batalham por direitos

DA REPORTAGEM LOCAL

Organizações não-governamentais e outras entidades usam a rede para defender os direitos dos povos indígenas.
Em www.funai.gov.br, site oficial da Funai (Fundação Nacional do Índio), o internauta encontra itens como a origem dos índios há 500 anos e notícias. Na seção Etnias Indígenas, há um mapa com a relação dos grupos que residem em cada Estado. Na página do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em www.cimi.org.br, o internauta pode ler o pronunciamento do conselho no dia 19 de abril na Câmara dos Deputados. Em Povos Indígenas, há uma estimativa dos sobreviventes.
Não deixe de visitar o site Povos Indígenas no Brasil no portal do Instituto Socioambiental (www.socioambiental.org). As 16 seções são apresentadas de forma iconográfica. Em Quem, onde, quantos, há uma enciclopédia com verbetes que informam a localização de cada tribo, a língua falada e o número de índios. Um texto cobra a política indigenista do governo Lula.
Os sertanistas irmãos Villas Bôas, que percorreram o país e conviveram com mais de 13 povos indígenas, estão representados em www.estadao.com.br/villasboas. Há reprodução de reportagens da época de suas viagens, ensaios fotográficos e depoimentos de Darcy Ribeiro (1913-1997) e Antonio Houaiss (1915-1999).

Pesquisa escolar
Para fazer pesquisas escolares e ver imagens que datam do início do século passado, vá a www.museudoindio.org.br. Na seção Artigos do site Brasil Outros 500 (www.brasil-outros500.org.br), leia documento de 2000 sobre a conferência dos povos e das organizações indígenas do país.
Leia sobre os efeitos de incêndio que atingiu documentos sobre indígenas no Brasil em www.radiobras.gov.br/centro%20imprensa/mat_Funai.php.
Em janeiro deste ano, um texto (www.lainsignia.org/2004/enero/soc_038.htm) apontava os conflitos em Roraima com protestos para que uma área se tornasse terra indígena.
Na página da Comissão Pró-Yanomami (www.proyanomami.org.br/index1.htm), a seção Arte inclui desenhos de índios recolhidos. O Conselho Indígena de Roraima (www.cir.org.br) fala da importância em homologar a região Raposa Serra do Sol. (MZ)

Veja dicionário tupi-guarani

DA REPORTAGEM LOCAL

São 180 línguas faladas por 235 povos, segundo estimativas da SIL (Sociedade Internacional de Linguística). Em Grupos Indígenas (www.sil.org/americas/brasil/PortGrps.htm), é possível ver a lista dos grupos indígenas e as línguas faladas. Um mapa tosco indica a localização dos grupos.
Sobre a volta do tupi, leia em lhoepner.bei.t-online.de/uebersetzen/lingua-geral.htm. O texto reivindica que essa língua está ressurgindo "em páginas de livros, telas de cinema e pode chegar às salas de aula". Em contrapartida, segundo a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), em 2002, os índios estavam perdendo a língua materna em regiões urbanas do Mato Grosso do Sul (www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u29171.shl).
Quem quiser ler um pequeno dicionário de tupi-guarani pode ir a educaterra.terra.com.br/almanaque/indios_5.htm e ver a origem da palavra jabaquara.
As contribuições do tupi ao léxico português podem ser lidas em www.pead.letras.ufrj.br/tema05/por-tm05.html#PONTO12.
O site www.uni-mainz.de/~lustig/guarani/lingua_tupi.htm traz texto com breve história da língua tupi. Em www.multirio.rj.gov.br/historia/modulo01/soc_indigenas.html, um texto diz que os jesuítas aprenderam o tupi, modificaram-no e criaram uma gramática. Veja o multilingüismo no Brasil em www.instituto-camoes.pt. (MZ)

Saiba onde ouvir músicas indígenas

DA REPORTAGEM LOCAL

Alguns do aspectos culturais dos grupos indígenas marcam suas diferenças.
A música, por exemplo, toma parte do cotidiano dos guaranis, que utilizam danças cerimoniais em seus rituais. Leia mais sobre o assunto em www.paraty.com.br/guarani/index.asp.
Na maior parte das tribos indígenas, há ritmos diferentes para atos (nascimento e morte) ou o festejo de caçadas. Leia mais sobre o papel da música para os índios em hemi.nyu.edu/unirio/studentwork/imperio
/projects/amauri/os%20indios%20e%20a%20musica.htm.
Para compra on-line de música dos índios tabajaras, escute um trecho antes do disco "Índios Tabajaras - vol. 2" (R$ 25) em www.revivendomusicas.com.br/produto_detalhe.asp?id=741#.
Em "Uirapuru", Heitor Villa-Lobos (1887-1959) retrata o ambiente da selva brasileira e seus habitantes naturais. Ouça trecho em www.museuvillalobos.org.br/mvl7.htm.
Décadas depois, foi a vez de Marlui Miranda aprofundar-se no conhecimento da música indígena, com pesquisas de hábitos e músicas. De suas andanças pelo país, produziu discos como "Rio Acima" e "Araruna". Escute trechos em www.mpbnet.com.br/musicos/marlui.miranda.
Que tal descobrir que toadas e modas de viola se originaram da mistura de cantos religiosos trazidos por jesuítas com a música e com a dança dos índios? É o que afirma o texto intitulado "O Brasil do interior soa nas cordas de uma viola" em www.cliquemusic.com.br/br/Generos/Generos.asp?Nu_Materia=19.

Esportes
Os jogos são outro traço cultural entre os índios. No Brasil, em 1996, houve a primeira edição dos Jogos dos Povos Indígenas, que, na época, reuniu 400 atletas, de 29 etnias, em Goiânia (GO).
Entre as modalidades, há arco e flecha, arremesso de lança e cabo de guerra.
A página do Ministério do Esporte traz histórico, amplas informações sobre as várias edições dos jogos e até fotos que podem ser utilizadas como fundo de tela (www.esporte.gov.br/jogos_indigenas/default.asp). A competição entra na sétima edição e, neste ano, será realizada em Porto Seguro (BA).
Em www.dfait-maeci.gc.ca/aboriginalplanet/
750/archives/december2002/art4_intro-en, há um relato em inglês sobre a participação de três índios canadenses, que estiveram presentes na quinta edição do evento, em 2002.
Em notícia veiculada no ano passado, o portal Vermelho relata a cerimônia de encerramento dos Jogos dos Povos Indígenas, realizada em Palmas (TO), em www.vermelho.org.br/diario/2003/1109/1109_jogos-indigenas.asp.
A equipe do Jogos Indígenas do Brasil levantou recentemente que o jogo onça e cachorros é disseminado entre aldeias dos manchineris (AC). Confira também na galeria de imagens etapas de jogos realizados em vários locais, como em Tocantins (www.jogosindigenasdobrasil.art.br).
Um texto analisa que as brincadeiras entre os índios, como jogar peteca e imitar animais, não pertencem ao reduto infantil. Leia o significado dos jogos para os indígenas em www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/jogos-in.html. Descubra na página www.jogos.antigos.nom.br/diversos.htm que o jogo Awithlaknannai (espécie de jogo de damas) teria sido introduzido entre os indígenas pelos espanhóis.
Entre os índios camaiurá, pesquisadores listaram jogos e brincadeiras dessa tribo. Veja mais em www.parceirosvoluntarios.org.br/noticia_onu130.htm.
Em www.terrabrasileira.net/folclore/manifesto/jogos/futebol.html, confira fotos em que índios jogam futebol no parque Xingu e um time feminino de índias no Paraná.
Na América do Norte, também há jogos indígenas. Veja a cobertura da edição passada em www.2002naig.com. (MZ)

Museus virtuais reúnem história de muitas tribos

DA REPORTAGEM LOCAL

Índios foram massacrados em todas as regiões das Américas. A preservação do legado de algumas sociedades indígenas está representada na internet.
A história dos astecas, incas e maias, povos pré-colombianos e sua organização está em planeta.terra.com.br/arte/mundoantigo/astecas/h1.htm. Veja mais sobre a civilização inca em www.incasinti.hpg.ig.com.br/historia.htm.
Em www.historianet.com.br/main/mostraconteudos.asp?conteudo=283, há uma introdução sobre a civilização dos mochicas, do período pré-incaico e responsável pela formação da primeira sociedade estatal pré-colombiana.
No Amazonas venezuelano, habitam hoje 12 etnias. Em www.orinoco.org/apg/loindex.asp?lang=pg, veja coleção de objetos etnográficos e dados das tribos.
A cultura e a história dos índios que habitam no Canadá está em www.ainc-inac.gc.ca/ch/index_e.html. Outro site interessante sobre as comunidades indígenas canadenses é www.sixnationswriters.com. Em inglês, no item Our Community, o internauta compreende a origem de cada grupo. Em www.vafcs.org, veja eventos, história e festivais.
Em francês ou em inglês, há o www.naaf.ca/index2e.html, que reúne fotos de eventos e programação da National Aboriginal Achievement Foundation.
Em www.custermuseum.org, cheque como está o local da batalha travada nos EUA em Little Big Horn. Clique em "Indian Memorial" para ver fotos.
Em www.nps.gov/libi/libicam.htm, há uma webcam com imagens um pouco desatualizadas do Little Big Horn Battlefield. Em 26 de abril, a câmera datava imagem de 16 de março.
Na página www.custer.visitmt.com, acione o item History para ler algumas lendas sobre o Oeste americano, especialmente na região de Montana.
Apesar de ser superficial, pois o site somente serve para mostrar as vantagens de visitar o museu ao vivo, vá a www.journeymuseum.org/english/thecollections/sioux e clique em Native American para ver algumas fotos de objetos inspirados na tribo dos tetons lakotas.
Em português e em inglês, www.espacoacademico.com.br/030/30ekeyes.htm#_ftn1 detalha o mundo dos espíritos e a prática mortuária dos índios norte-americanos. Para saber mais sobre os navajos, tribo que reside no Estado do Arizona, nos EUA, vá a www.texbr.com/mundodetex/temas/ind_navajos.htm. A página reúne textos de costumes e organização social e política desse grupo.
Em inglês, leia sobre a reserva dos sioux, no Estado de Minnesota, no site www.kstrom.net/isk/maps/mn/prairie.htm.
Clique em Rosebud Sioux Tribe, em tradecorridor.com/rosebud, para saber detalhes sobre o número de membros da tribo, por exemplo.
A página oficial da Cheyenne River Sioux Tribe (www.sioux.org) tem link para o chefe da tribo e conexões para outros "executivos". O link News é atualizado com notícias de delegações que foram até Washington discutir cortes no orçamento e planos de reorganização. (MZ)

Portal indígena critica ação de "brancos"
Serviço que coloca em comunicação representantes de várias etnias tem recebido cerca de 700 acessos diários

LUIZ FRANCISCO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Índios de sete etnias estão usando a internet para fazer reivindicações e criticar o governo federal, os fazendeiros e os "brancos". O canal usado por eles é o portal www.indiosonline.org.br, lançado oficialmente há uma semana.
"O Ibama proíbe quase tudo para nós. Mas, pagando gorjeta, um "branco" pode fazer tudo em nossas terras", escreveu o líder indígena Valdeleci Tupinambá, que mora em Olivença (BA). Outra atração do site é a sala reservada ao bate-papo, que reduziu as distâncias entre as nações.
Na sala, os erros ortográficos ficam em segundo plano. "O que nós queremos é fazer novas amizades, saber como anda a vida em outras nações, contar um pouco da história de cada um de nós. Não adianta falar corretamente o português e, em seguida, destruir o nosso passado, a nossa história, como os "brancos" fazem", disse a índia tupinambá Maria José Amaral, 43, que mora em Ilhéus (429 km ao sul de Salvador).
Para aprender a trabalhar com a internet, 14 índios de três Estados (Bahia, Alagoas e Pernambuco) participaram de um curso em Salvador, no início do mês. Depois, visitaram escolas públicas com mais de 15 mil alunos para contar as suas experiências.
As aulas foram realizadas em uma rua arborizada e sem calçamento de Itapuã (orla de Salvador), em um galpão. O portal começou a funcionar em caráter experimental na semana passada.
"Em média, estamos registrando 700 acessos diários", disse Luís Henrique Moreira, 38, responsável pelo desenvolvimento. Segundo ele, os sites indígenas brasileiros normalmente são atualizados por entidades. "Agora, os índios serão os redatores. Não existe nenhum tipo de censura."
"Em todo o país, há menos de cinco aldeias que têm computadores. O que fizemos foi uma coisa totalmente diferente. Doamos sete computadores para que os índios possam redigir as suas notícias, cobrar as suas reivindicações", disse o argentino Sebastian Gerlic, 34, presidente da Thydêwá, organização não-governamental responsável pelo projeto.
Além de um curso básico de 36 horas de informática, os índios também aprenderam dicas sobre sites -imagens, navegabilidade, texto e edição.
De acordo com Gerlic, as sete etnias que encaminharam representantes para Salvador -tupinambá, quiriri, pataxó-hã-hã-hãe, tumbalalá, cariri-xocó, xucuru-cariri e pancararu- têm cerca de 25 mil índios.
O presidente da organização não-governamental disse também que todas as aldeias ganharam uma antena para conexão 24 horas por dia a um satélite. "Assim, os índios terão internet de alta velocidade (banda larga) o tempo todo." Além dos computadores, cada etnia também recebeu uma máquina fotográfica digital. "Queremos ver as fotos produzidas pelos índios dentro das aldeias na internet. Não queremos nada produzido, queremos a realidade", disse Moreira.
De acordo com Sebastian Gerlic, o projeto está orçado em R$ 150 mil. Uma rede de estabelecimentos comerciais e um programa de incentivo cultural do governo baiano financiaram os computadores, os equipamentos fotográficos, as antenas e a instalação do portal indígena.
"Estou me comunicando com o mundo, ampliando os meus conhecimentos. Não é pelo fato de eu ser índio que devo viver sempre isolado", disse Antonio José dos Santos, 34, da etnia dos pancararus, que habitam o sertão de Pernambuco.

Energia solar leva internet à floresta

DA REPORTAGEM LOCAL

Três horas diárias, três vezes por semana. Esse é o tempo médio que os índios das tribos dos yawanawas e dos ashanincas podem ficar conectados à internet.
As aldeias contam com duas antenas de recepção de satélite cada uma, mantidas por energia solar. Ou seja, se o tempo estiver chuvoso, são menos dias. Se melhorar, as comunidades podem se conectar cinco dias por semana.
Na aldeia dos ashanincas, Shatsy, 22, usa um programa de comunicação para bater papo on-line com Nane, 23, da aldeia dos yawanawas. As duas lideram o projeto de formação Rede Povos da Floresta. Ambas foram as primeiras mulheres a fazer parte do grupo, formado majoritariamente por homens.
Shatsy e Nane foram ao Rio de Janeiro no ano passado e tomaram aulas para aprender a operar o computador e acessar a internet, abrindo sites ou papeando.
Idealizado pelo CDI (Comitê para Democratização da Informática), o projeto tem como objetivo a criação de escolas de informática para usar o computador como ferramenta em cursos de capacitação junto às etnias.
O CDI (www.cdi.org.br) fechou parceria com a Comissão Pró-Índio do Acre (www.cpiacre.org.br), que também conta com acesso à internet, mas com conexão de banda larga convencional, uma vez que está localizada em Rio Branco (AC).
Segundo Rodrigo Baggio, diretor-executivo do CDI, a parceria com a Comissão Pró-Índio do Acre "foi estratégica, uma vez que eles recebem dezenas de etnias para fazer cursos de capacitação".
O projeto foi iniciado em setembro do ano passado, quando três aldeias -duas no Acre e uma no Rio de Janeiro- receberam seus respectivos computadores.
Hoje o comitê conseguiu colocar uma máquina na tribo dos xacriabás, próxima à região de Montes Claros (MG).
Nessa aldeia, o processo de miscigenação está bastante alastrado. Por essa razão, o desafio do CDI é diferente: "Não se trata apenas de informatizar o local, mas apoiar o processo de resgate da cultura", diz Baggio. Além da informatização e do uso da internet, há também a elaboração de apostilas e de livros. (MARIJÔ ZILVETI)

Entrevista

"Índios cada vez mais lutam por seus espaços"

DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR

Presidente da Thydêwá, organização não-governamental responsável pelo projeto de implantação do portal indígena, o argentino Sebastian Gerlic, 34, teve o seu primeiro contato com índios aos 13 anos, quando ainda morava na Argentina. "Foi uma visita turística a uma aldeia", disse. Há dez anos no Brasil, Gerlic já visitou mais de 15 aldeias. Ontem à tarde, o argentino falou à Agência Folha. (LF)

Folha - Como o senhor vê a realidade indígena brasileira?

Sebastian Gerlic - É uma realidade de muito sofrimento. Desde 1500, quando o Brasil foi descoberto, os índios são massacrados.

Folha - Existe omissão das autoridades?

Gerlic - Claro que sim, quem visita qualquer aldeia no Brasil percebe a omissão. A precariedade é muito grande, os índios estão marginalizados, esquecidos.

Folha - Qual o futuro que o senhor projeta para os índios brasileiros?

Gerlic - Os índios ainda serão vistos pela sociedade como os mestres da ecologia, os mestres do planejamento familiar. A sociedade capitalista matou grande parte da cultura indígena. Mas os índios sobreviveram ao massacre e estão lutando cada vez mais por seus espaços.

FSP, 28/04/2004, Informática, p. F1, F3

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200401.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200403.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200405.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200404.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200402.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200406.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200407.htm

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/informat/fr2804200408.htm

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