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Seca que aflige o Amazonas chega ao Pará

FSP, Cotidiano, p. C12
15 de Out de 2005

Seca que aflige o Amazonas chega ao Pará
Dez cidades do oeste paraense entraram em estado de alerta, mas governo ainda estuda enviar auxílio

Bruno Lima
Eduardo de Oliveira

A seca que colocou todo o Estado do Amazonas em estado de calamidade, com falta de água potável, comida e remédios, chegou ao vizinho Pará. Dez cidades do oeste do Pará entraram ontem em estado de alerta em razão da redução do nível dos rios.
Em um deles, Oriximiná (1.045 km de Belém), foi decretada situação de emergência.
O governo do Pará informou que as cidades em alerta (Santarém, Monte Alegre, Itaituba, Juruti, Terra Santa, Óbidos, Alenquer, Curuá e Faro) serão monitoradas pela Defesa Civil.
Amanhã, segundo o governo, uma equipe da Defesa Civil partirá de Belém para Oriximiná, onde a situação é mais delicada, para elaborar um parecer técnico em, no máximo, 48 horas. Caberá aos técnicos dizer em que fase está a seca no município e avaliar o potencial de evolução do problema.
Com base no parecer será identificada a necessidade de enviar alimentos, água potável e alojamentos provisórios. A maior preocupação é com as populações ribeirinhas, que dependem dos rios para sobreviver, seja para pescar ou para comprar comida.
O governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), afirmou, por meio de assessores, que não se pronunciaria. Segundo a assessoria, as cidades atingidas não pediram oficialmente a ajuda do governo.
O governo do Amazonas começou ontem a operação SOS Interior para levar comida e remédio às localidades mais afetadas.
Na primeira etapa dos trabalhos serão atendidas Anamã, Anori, Caapiranga e Manaquiri, onde a ajuda deveria começar a chegar entre ontem à noite e hoje.
A partir de hoje seria a vez de Manacapuru, Careiro Castanho, Careiro da Várzea e Iranduba.
Para os municípios que receberão o primeiro lote serão enviadas 3.350 cestas básicas para 3.210 famílias. Também serão mandadas 8 t de remédios, divididas em kits, cada um capaz de atender a até 3.000 pessoas -com xaropes, sais para reidratação oral, antimicóticos, dipirona e derivados de penicilina, entre outros.
Caapiranga e Manaquiri ficaram praticamente isoladas devido à baixa do leito do rio Solimões. Em Caapiranga, houve aumento do preço de produtos em razão das dificuldades no transporte.
O quilo do frango passou de R$ 3,50 para R$ 3,80. Subiu também o preço do óleo diesel (R$ 2 para R$ 2,30) e o da gasolina (R$ 2,50 para R$ 3) e faltava leite. Outra conseqüência da seca nas duas cidades foi a suspensão das aulas.
O governo alugou barcos e caminhões para chegar locais onde há acesso por esses meios de transporte. Onde só era possível chegar pelo ar, aviões e helicópteros da FAB (Força Aérea Brasileira) serão empregados, com gastos custeados pelo governo federal.
O governo do Amazonas montou quatro bases pelo interior do Estado para coordenar o socorro.
Desde o início do mês, cidades decretavam situação de alerta. Em alguns trechos, o rio Solimões havia secado, limitando o transporte fluvial e matando peixes.
Questionado se não teria havido demora na liberação da ajuda, o governador Eduardo Braga (PMDB) disse que não. "A partir do momento em que decretamos na terça-feira o estado de calamidade, teve o feriado na quarta. Então, na realidade, o nosso efetivo começou a se mobilizar de forma mais intensa a partir de quinta-feira. Nos mobilizamos enormemente", disse Braga.

FSP, 15/10/2005, Cotidiano, p. C12

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