VOLTAR

Rodoanel foi principal causa de desmatamento em SP

FSP, Cotidiano, p. C4
18 de Dez de 2008

Rodoanel foi principal causa de desmatamento em SP
Por conta das obras, São Bernardo e São Paulo são os municípios que tiveram maior perda
Secretário Municipal do Verde diz que desmate foi autorizado e será compensado com replantio e criação de 4 parques

Da reportagem local

São Bernardo do Campo e São Paulo são os dois municípios que mais tiveram desmatamento de mata atlântica entre 2005 e 2008 na região metropolitana de SP. Segundo o atlas da SOS Mata Atlântica e do Inpe, o primeiro contabilizou 112 hectares desmatados, enquanto o segundo, 70 hectares. A principal razão são as obras do rodoanel.
O secretário municipal de São Paulo Eduardo Jorge (Verde e Meio Ambiente) afirma que o desmatamento causado pela estrada foi autorizado pelos órgãos competentes e será compensado com o replantio de árvores e com a criação de quatro parques.
No caso da região metropolitana do Rio de Janeiro, os desmatamentos se concentraram no entorno da reserva biológica do Tinguá. As cidades com mais destruição de floresta são Itaboraí e Nova Iguaçu, ambos com 48 hectares de desmatamento. Os dados confirmam que a área é problemática -em 2005, um ambientalista que trabalhava na área foi assassinado (veja texto nesta página).
Já na região metropolitana de Vitória, a cidade que mais chama a atenção é Guarapari, com 68 hectares de desmatamento. Nem a SOS Mata Atlântica nem o Inpe souberam dizer porque o município teve o maior desmatamento da área. "O Estado e o município precisam atuar nas regiões apontadas e verificar as informações", diz Flavio Ponzoni, do Inpe.
A respeito da Cantareira, Marcia Hirota, diretora da SOS Mata Atlântica e coordenadora do atlas, afirma que já alertou o poder público intensamente sobre invasões irregulares no local. A fundação ressalta que a Cantareira é responsável pelo abastecimento de mais da metade da população da região metropolitana de SP.

Fiscalização
Helena Carrascosa, coordenadora de biodiversidade e recursos naturais da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, afirmou que ainda não havia analisado os dados do atlas e que hoje poderia falar com mais embasamento sobre o assunto.
Ela adiantou, porém, que de fato as obras do rodoanel elevaram a supressão de vegetação no Estado. "Não há estrada sem impacto. Mas se concluiu, na análise do estudo de impacto ambiental da obra, que os benefícios seriam maiores que os prejuízos, em relação a desafogar o trânsito, por exemplo", disse.
Segundo ela, a obra irá compensar o dano plantando mais de 1.000 hectares de mata. "Vão trocar a vegetação que existe por outra plantada. Mas não dá para fazer um omelete sem quebrar os ovos", compara.
De acordo com ela, o governo do Estado tem atuado na região da Cantareira. "Estamos fiscalizando e licenciando. O Estado está presente e tem o auxílio da polícia. Mas nem sempre conseguimos evitar tudo", afirmou. Ela ressaltou que algumas ações têm sido feitas em parceria com a Prefeitura de São Paulo, "o que não acontecia antes".
A reportagem tentou ouvir a Prefeitura de São Bernardo do Campo, mas não houve resposta até o fechamento desta edição.
(AB)

FSP, 18/12/2008, Cotidiano, p. C4

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.