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Autor: CARVALHO, Ilona Szabó
15 de Out de 2024
Precisamos entender a biodiversidade a partir do nosso quintal
A conexão entre ações locais e globais é fundamental para preservar os biomas
Ilona Szabó de Carvalho
Presidente do Instituto Igarapé, membro do Conselho de Alto Nível sobre Multilateralismo Eficaz, do Secretário-Geral. da ONU, e mestre em estudos internacionais pela Universidade de Uppsala (Suécia)
15/10/2024
Nasci e cresci em Nova Friburgo, na região serrana do Rio de Janeiro, que, além de ser onde o carioca realmente sente frio, é uma bela e vasta área de mata atlântica. Estar cercada pela floresta era algo natural, uma daquelas certezas que se criam na infância, como o colo da mãe ou a casa dos avós.
A mata atlântica, reconhecida por sua biodiversidade, é historicamente um dos biomas mais ameaçados do mundo, desde a colonização europeia. Mas foi só quando me aprofundei na questão dos crimes ambientais na bacia Amazônica e na possibilidade de sua transformação em um ecossistema de empreendimentos sustentáveis, compatíveis com florestas tropicais em pé, que mudei meu olhar sobre o que acontece, literalmente, no meu quintal.
O crescimento desordenado das cidades serranas tem destruído minhas certezas. Áreas de proteção sofrem com invasões. É urgente aumentar as zonas de amortecimento ao redor e criar corredores entre os parques que ainda nos restam, regenerando e restaurando a natureza.
Trago essa visão muito pessoal porque aprendi que entender e valorizar o quanto somos interdependentes da natureza é chave na difícil equação de salvar o planeta.
No último fim de semana, estive com parceiros locais e internacionais visitando alguns dos vários projetos em Nova Friburgo e arredores que têm como foco proteger a biodiversidade e promover restauro ecológico e produtivo da mata atlântica.
São propostas como a do Projeto Araçá, que está construindo um Centro de Pesquisas de Biodiversidade na Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN) Alto da Figueira, com o objetivo de promover a pesquisa, conservação e restauração da biodiversidade na região, assim como o treinamento de estudantes e profissionais do Brasil e do mundo.
Ou da Fazenda Eco Caminhos e Associação Ecolibrium, que mostram na prática como é possível ter modelos de permacultura, bioconstrução e agrofloresta gerando renda e sendo eficazes na proteção do bioma.
A ciência aliada à prática é um elemento comum a essas iniciativas, e assim como a conexão de mão dupla entre ações locais e globais, é fator fundamental para a troca, ampliação e inspiração de modelos semelhantes no território.
Na semana que vem estarei na COP16, a Conferência da Biodiversidade da ONU, que será realizada a partir do dia 21 em Cáli, na Colômbia. Organizamos e falaremos em eventos que vão discutir as condições para implementação do Marco Global da Biodiversidade, assinado por 190 países na COP15, pelo qual se comprometeram a traçar suas Estratégias e Planos de Ação Nacionais para a Biodiversidade.
A bioeconomia surge como uma solução para transformar o potencial da biodiversidade em realidade. A COP16 é uma das últimas chances -se não a última- de nossas sociedades entenderem que preservar a biodiversidade impulsiona a inovação, promove o desenvolvimento sustentável e gera benefícios para todas as pessoas.
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