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O lado do governo

FSP, Editoriais, p. A2
25 de Nov de 2004

O "lado" do governo

Os ataques verbais ao agronegócio desferidos pelo presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Rolf Hackbart, em palestra proferida anteontem, não são um fato isolado no governo federal. Também o titular do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto, não tem poupado esse "adversário", que ele classifica de "latifúndio monocultor". No entender do ministro, não poderiam ser considerados modernos os empreendimentos agrícolas que vêm obtendo ganhos crescentes de produtividade e contribuindo de maneira decisiva para os saldos da balança comercial brasileira. Moderno, na sua opinião, é "terra bem distribuída".
É sintomático -e escandaloso- que Hackbart se sinta à vontade para afirmar que o Incra e o MDA "têm lado". Ou seja: os dois órgãos públicos federais defendem o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) contra o agronegócio.
O ministro do Desenvolvimento Agrário e o presidente do Incra cumprem hoje duas funções essenciais. De um lado, administram a tutela do movimento sem-terra por parte do governo. De outro, promovem a instrumentalização da máquina pública com vistas a "acumular forças" para uma futura "revolução" rural.
O "modelo" agrário com que sonham poderia ser descrito como uma espécie de cooperativismo nostálgico envolto em harmonia cristã. Quanto a isso, não se pode esquecer a contribuição que o presidente da Pastoral da Terra, dom Tomás Balduíno (também sempre a pregar contra o agronegócio), tem oferecido ao arcabouço doutrinário de seus colegas do Incra, do MDA e do MST.
Não há dúvida de que o desemprego no campo e na cidade constitui um gravíssimo problema e que a reforma agrária deveria cumprir o papel de promover a inclusão social, colaborando para oferecer alternativas econômicas às famílias rurais que não encontram meios de sustento. Nada disso, porém, justifica a posição regressiva e reacionária que o MST e seus auxiliares governamentais e clericais têm assumido em relação ao agronegócio.

FSP, 25/11/2004, Editoriais, p. A2

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