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Monsanto ameaca exportadores de soja: Empresa envia correspondencia a importadores na qual classifica de pirata produto que nao paga royalties

FSP, Dinheiro, p.B12
14 de Nov de 2003

Empresa envia correspondência a importadores na qual classifica de "pirata" produto que não paga royaltiesMonsanto ameaça exportadores de soja
LÉO GERCHMANNDA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE A Monsanto confirmou ontem que enviou em junho correspondência a importadores estrangeiros alertando para o que define como "pirataria" dos produtores brasileiros de soja transgênica que não pagam royalties pelo uso da tecnologia Roundup Ready, por ela patenteada.A Agência Folha apurou que a empresa deverá adotar a mesma estratégia no futuro. A Monsanto divulgou nota ontem na qual afirma que ainda negocia com os agricultores brasileiros o pagamento de licença pelo uso da soja geneticamente modificada. Por isso, seria precipitado discutir a posição que adotará caso não cheguem a um acordo.Como as negociações estão em andamento e o governo federal as apóia, a multinacional evita dar declarações públicas que podem ser consideradas inoportunas.Anteontem, o gerente de assuntos corporativos da Monsanto, Alfredo Miguel Neto, teria ameaçado prejudicar as exportações de soja transgênica do Brasil, caso a empresa não receba royalties.Segundo a Fetag (Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul), a ameaça foi feita em reunião fechada entre Miguel Neto e representantes da entidade para discutir a forma de cobrança dos royalties.Medida provisóriaA Câmara dos Deputados aprovou anteontem a medida provisória que autoriza plantio e comercialização de soja transgênica na safra atual. O texto dificulta a cobrança de royalties, ao proibir que ela incida sobre os grãos que serão colhidos, como pretendia a Monsanto. A cobrança deve ser feita sobre as sementes, que já estão nas mãos dos produtores.Fiscais do Ministério da Agricultura no Rio Grande do Sul encontraram ontem sementes transgênicas em empresas produtoras, as sementeiras, que têm autorização para produzir semente convencional.O fato foi considerado "grave" pelo delegado regional da Agricultura, Francisco Signor.Não houve exatamente uma apreensão, porque as amostras têm quantidades insignificantes. A comercialização dos estoques das sementes referentes às amostragens utilizadas nas análises, porém, será suspensa.Os exames foram realizados na segunda quinzena de setembro, em uma ação de fiscalização nas UBS (Unidades de Beneficiamento de Sementes).Foram fiscalizadas 23 empresas e coletadas 47 amostras de sementes de soja, sendo que mais de uma amostra foi coletada por empresa. Dessas, 17 amostras deram resultado positivo para teste de transgenia. Ficou constatada irregularidade em 10 empresas de beneficiamento de semente de soja.Os nomes das empresas e seus municípios (todas elas são do Rio Grande do Sul) não foram divulgados pela delegacia, que, de acordo com o delegado, recorrerá ao Ministério Público contra elas."O fato mais grave é que se encontrou organismo geneticamente modificado quando essas empresas estão autorizadas a produzir apenas sementes convencionais. O nível de confiabilidade fica abalado", afirmou o delegado.As amostras colhidas foram analisadas no laboratório biotransgenia da Universidade Federal de Pelotas, onde ainda se encontram outras 30 amostras de semente e farelo de soja, recolhidas pelos fiscais em UBS diferentes das mencionadas acima, cujo resultado das análises deverá ser divulgado.
FSP, 14/11/2003, p. B12

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