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Ministério do Meio Ambiente vai enxugar área de mudanças climáticas

FSP, Ambiente, p. B6
04 de Jan de 2019

Ministério do Meio Ambiente vai enxugar área de mudanças climáticas
Atividades ficarão concentradas numa assessoria especial de mudança do clima, a ser criada

Fernando Tadeu Moraes
BRASÍLIA

O Ministério do Meio Ambiente vai enxugar a área da pasta responsável por mudanças climáticas.

Após extinguir a Secretaria de Mudanças do Clima e Florestas, que deu lugar à Secretaria de Florestas e Desenvolvimento Sustentável, o ministro Ricardo Salles afirmou à Folha que as atividades passarão a ser concentradas numa assessoria especial de mudança do clima, a ser criada.

Até então, a secretaria abrigava o Departamento de Políticas em Mudança do Clima, o Departamento de Monitoramento, Apoio e Fomento de Ações em Mudança do Clima e o Departamento de Florestas e Combate ao Desmatamento -as duas primeiras deixaram de existir.

Essa estrutura era formada por 120 pessoas, se incluídos os funcionários de carreira, terceirizados e aqueles vinculados a projetos da secretaria. Em 2018, o orçamento foi de cerca de R$ 300 milhões.

Agora, a pauta climática passará a ser tocada por uma assessoria especial, que atuará em conjunto com a Secretaria de Relações Internacionais. Segundo Salles, a mudança se deve a uma questão de "eficiência administrativa".

Para Salles, a perda de status administrativo e a redução do tamanho da área de mudança climática não diminuem sua importância.

"Tamanho não é documento. Quando você cria uma estrutura mais enxuta e próxima do gabinete do ministro, você tem todas as medidas acompanhadas mais de perto. É, na verdade, um upgrade."

Segundo Salles, com a mudança será possível dar maior efetividade à captação de recursos no exterior.

"Precisamos sair do campo das ideias e transformá-las em recursos efetivos para o Brasil", disse.

A questão da mudança climática é assunto controverso dentro do governo Jair Bolsonaro (PSL). Durante a campanha, o atual presidente criticou o acordo de Paris, por "ir contra a soberania" nacional. Assinado em 2015 por 195 países, o tratado foi o primeiro a reunir praticamente todas as nações em torno de compromissos para limitar o aquecimento global.

O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, já escreveu que a "defesa da mudança do clima" é "basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder."

O novo ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, assumiu o posto nesta quarta-feira (2/1) em Brasília, após cerimônia de transmissão de cargo com o antecessor, Edson Duarte

No começo de dezembro do ano passado, logo após ser escolhido para chefiar a pasta do Meio Ambiente, Ricardo Salles declarou que a discussão se há ou não há aquecimento global é secundária.

As mudanças no ministério vêm na sequência de outras ocorridas na terça-feira. A principal delas foi a saída do Serviço Florestal Brasileiro do Meio Ambiente para a Agricultura, estabelecida por uma
medida provisória.

Criado em 2006 para gerir a concessão de florestas públicas, o Serviço Florestal tem hoje como sua principal atribuição o Cadastro Ambiental Rural (CAR), um registro eletrônico obrigatório para os proprietários de imóveis rurais e um dos mecanismos para a implementação do Código Florestal.

De caráter autodeclaratório, o CAR identifica as áreas de reserva legal e as áreas de preservação permanente das propriedades rurais do país. O cadastro permite aos órgãos ambientais saberem quem tem passivo ambiental e quem está seguindo o que determina a lei.

MUDANÇAS NO MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE
Mudanças climáticas
Área será enxugada e passará para uma assessoria especial, a ser criada

Serviço Florestal Brasileiro
Foi transferido para a Agricultura. Hoje tem como principal atribuição o Cadastro Ambiental Rural (CAR)

Pesca e licenciamento do setor
Competência também passou do Ministério do Meio Ambiente para o Ministério da Agricultura

Agência Nacional de Águas (ANA)
Segundo novo ministro, gestão de política de águas e de serviços hídricos será feita em parceria com o Ministério do Desenvolvimento Regional

FSP, 04/01/2019, Ambiente, p. B6

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2019/01/ministerio-do-meio-ambie…

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