FSP, Brasil, p.A5
Autor: UNGARATTI, Luiz
04 de Abr de 2005
Madeireiro nega participação em morte de freira
Thiago Reis
Da agência Folha
O madeireiro Luiz Ungaratti, 53, um dos nomes citados em depoimento por Vitalmiro Bastos de Moura, o Bida (acusado de ser o mandante do assassinato da freira Dorothy Stang), nega ter conhecido o fazendeiro e a missionária e participado de um consórcio para matá-la.
Em entrevista à Folha, por telefone, no último dia 29, antes de seguir viagem a Altamira (777 km de Belém), disse que Anapu virou uma "feira" e que pessoas ligadas ao PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança -capitaneado pela freira- invadiram seu lote (o de número 53, na gleba Bacajá) para negociar as terras. Ontem, a CPI da Terra resolveu convocá-lo para depor.
Folha - O sr. está numa lista de suspeitos de terem feito um consórcio para matar a missionária. O que o sr. tem a dizer sobre isso?
Luiz Ungaratti - Estou surpreso com isso. Eu não conheço o Vitalmiro e não conheci a missionária. Nunca conversei com eles. Não tenho nada a dizer. E nem devo nada. Não sei porque inventaram isso aí. Estou recebendo intimação para depor na CPI da Terra.
Também não estou sabendo o porquê. A terra que eu tenho lá, eu comprei. Ela tem escritura pública. Tenho pago os impostos todo ano direitinho e tenho o projeto de manejo sustentável.
Folha - O sr. diz não conhecer o Vitalmiro. Mas e o Délio Fernandes e o Regivaldo Galvão, o Taradão, o sr. é amigo deles?
Ungaratti - Não. O Regivaldo também nunca vi. Eu vi o Délio Fernandes uma vez. Eu estava fazendo a estrada e ele tem fazenda lá para a frente. Ele colocou duas caçambas para ajudar. Ele passou de manhã cedo, aí conversei um pouco. Nunca mais o vi.
Folha - O sr. tem um lote dentro do PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança, não?
Ungaratti - Tenho uma área lá [em Anapu], mas é fora do PDS. O PDS está crescendo. À medida em que eles pegam uma área, vão juntando. A minha continua fora. Ela está é invadida pelo pessoal do PDS. Fiquei sabendo hoje. O pessoal que invadiu tem terra, então eles estão vendendo.
Lá virou uma feira. Um invade dois lotes, daí o outro dá um trocado para ele. O outro chega e vende para outro. É uma bagunça que ninguém entende.
Folha - O sr. também é acusado de expulsar famílias das terras. Isso realmente aconteceu?
Ungaratti - Não, eu não expulsei ninguém. Quando eles invadiram, há três anos, eu paguei, eu acertei com os invasores. Paguei um a um. O valor eu não sei, eram umas 40 pessoas. Mas tenho muito recibo desses aí ainda guardados. Tenho documento.
Folha - E a história do bilhete? É verdade que o sr. pagou R$ 10 mil ao delegado de Anapu para que ele o protegesse?
Ungaratti - Não. É mentira. Deus me livre. Não tem nada disso não. Não procede. Não. Não. Nem de brincadeira nós vamos ter isso aí. Nem conheço esse pessoal. Sempre que estou em Anapu, fico trabalhando. Nem para tomar um suco na rua eu não vou.
FSP, 04/04/2005, p. A5
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