VOLTAR

Homem de ferro

FSP, Revista São Paulo, p. 218-219
Autor: VILLAS-BÔAS, Jerônimo
24 de Jun de 2017

Homem de ferro
Ecólogo Jerônimo Villas-Bôas luta pelo consumo do mel de abelhas brasileiras
O ecólogo Jerônimo Villas-Bôas, autor do Manual Tecnológico Mel de Abelhas sem Ferrão

MAGÊ FLORES
DE SÃO PAULO

Esse mel mais clarinho, mais líquido e mais ácido não necessariamente vai sobre o pão. Pode ser usado como uma calda, sobre as frutas -ou até na salada do almoço.
Feito por abelhas nativas brasileiras sem ferrão (mandaçaia, jandaíra, uruçu, tiúba, mandaguari... são umas 250 espécies; cerca de 30 em produção), o mel não é regulamentado nacionalmente. A lei diz que os níveis aceitáveis de umidade não devem ser tão altos (até 20%; e ele costuma ter entre 25% e 28% de água). Na prática, o que ocorre é que esses méis são menos estáveis, podem fermentar na garrafa, a caminho do consumidor.
Mas a fermentação em si não é ruim -dá um sabor acético e, então, se estabiliza. Também não é um problema que o mel seja pasteurizado ou refrigerado, diz Jerônimo Villas-Bôas, ecólogo e mestre em gerenciamento ambiental. O importante é que o produto chegue às prateleiras e que a população do campo tenha essa como uma de suas atividades.
Jerônimo trabalha, há mais de dez anos, no fortalecimento das cadeias produtivas de mel de abelhas nativas. Filho de antropólogos, o paulistano cresceu em terras indígenas e se liga nas conexões entre pessoas e ambiente.
Em sua atividade, leva em conta a relação cultural que a população tem com as abelhas, entende a produção, conduz para a estruturação e pensa nos protocolos para venda (e até na embalagem), para que o mel chegue à prateleira.
Ou melhor, os méis. Tão variáveis quanto for possível. Das diferentes espécies, produzidos na mata ou na restinga ("o mel é uma impressão digital do ambiente", diz), pasteurizado ou fermentado.
Para que na colher, mesmo que ainda sem selos federais na embalagem, a gente sinta tudo isso. "A alma da minha trajetória é lutar contra a homogeneização", ele resume.

FSP, 24/06/2017, Revista São Paulo, p. 218-219

http://www1.folha.uol.com.br/o-melhor-de-sao-paulo/2017/restaurantes-ba…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.