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Força Nacional agirá contra a devastação

FSP, Ciência, p. A21
27 de Out de 2007

Força Nacional agirá contra a devastação
Decisão foi anunciada pela ministra do Meio Ambiente, em resposta a aumento de 8% no desmatamento na Amazônia
Plano do governo prevê 20 ações de emergência em 40 municípios; tropas vão apoiar fiscalização durante conflitos com madeireiros

Marta Salomon
Da sucursal de Brasília

A Força Nacional de Segurança Pública será mobilizada para conter o aumento do desmatamento na Amazônia, anunciou ontem à noite a ministra Marina Silva (Meio Ambiente), depois de reunião com o diretor da Abin (Agência Brasileira de Inteligência), Paulo Lacerda, e representantes dos ministérios da Casa Civil, Justiça, Defesa e do Desenvolvimento Agrário.
A mobilização é a primeira resposta ao crescimento de 8% no desmatamento da Amazônia registrado entre os meses de junho e setembro em relação ao mesmo período de 2006. Não foram divulgados detalhes das 20 novas operações que ocorrerão em 40 municípios anteriormente identificados e que concentram quase metade da atividade de derrubada de árvores na região.
Esses municípios ficam nos Estados de Rondônia, Pará e Mato Grosso. Rondônia é o caso mais grave de desmatamento recente. Em setembro, imagens de satélite monitoradas pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) detectaram mais de 600% de aumento na devastação.
Desde o mês passado, a Força Nacional de Segurança foi acionada pela primeira vez para conter o desmatamento na reserva biológica de Gurupi, no município de Buriticupu (MA). Treinados especialmente, contingentes da Polícia Federal e dos órgãos de segurança pública dos Estados podem ser mobilizados apenas em situações emergenciais ou excepcionais.
Segundo Marina Silva, as tropas vão apoiar as equipes de fiscalização em situações de maior violência. "Os madeireiros costumam usar a população contra os fiscais em manifestações mais agressivas", disse.
O objetivo das novas operações é conter o crescimento no ritmo do desmatamento da Amazônia, que só terá repercussão nos resultados de 2008. Os números oficiais deste ano só deverão ser anunciados em novembro, quando fica pronta a análise dos dados do Prodes, sistema do Inpe que dá a taxa oficial de desmatamento.
O Prodes é mais lento, mas mais preciso que o Deter, que usa imagens de satélite em tempo real e forneceu a estimativa de crescimento de 8%. Será levado em conta o saldo acumulado até julho.
Marina Silva disse que o desmatamento em 2007 deverá fechar em 9.600 quilômetros quadrados, o que representará uma redução de 65% no volume anual de devastação em relação aos 27 mil quilômetros quadrados de desmatamento registrados em 2004, ano do anúncio do plano de combate ao problema.
"Vamos trabalhar considerando uma situação atípica", reiterou a ministra, preocupada especialmente com o aumento do preço das commodities -como a carne, o milho e a soja- e com a proximidade das eleições municipais de outubro de 2008. "Em períodos eleitorais, a governança ambiental fica mais difícil", comentou ela. "Teremos um grande teste de fogo para o combate ao desmatamento", reiterou.
Marina Silva contabilizou, como resultado das fiscalizações feitas desde 2003, a apreensão de 1 milhão de metros cúbicos de madeira. Enfileirados, os troncos das árvores derrubadas tomariam a distância entre São Paulo e o Rio de Janeiro, comparou.
Também foram aplicados cerca de R$ 3 bilhões em multas, dos quais o ministério não sabe quanto teria sido pago. Os madeireiros recorrem das multas, assim como do confisco de motosseras, tratores e caminhões usados no corte.

FSP, 27/10/2007, Ciência, p. A21

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