VOLTAR

Estatais asseguram êxito de leilão de linhas do Madeira

FSP, Dinheiro, p. B5
27 de Nov de 2008

Estatais asseguram êxito de leilão de linhas do Madeira
Subsidiárias da Eletrobrás arremataram cinco do sete lotes ofertados pela Aneel
A espanhola Cymi levou os dois menores lotes; crise global fez com que deságio médio ficasse em 7,2%, o mais baixo desde 2001

Pedro Soares

Visto pelo mercado com um teste do país diante da crise, o leilão de linhas de transmissão do rio Madeira só teve êxito por conta da forte presença das estatais subsidiárias da Eletrobrás, que arremataram em consórcio cinco dos sete lotes de linhas e subestações ofertados pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica).
Apesar de o leilão não ter "micado", o receio de investidores privados em arcar com investimentos totais de R$ 7,2 bilhões nos 2.400 km de linhas neste momento de crise de crédito derrubou o deságio médio -de apenas 7,2%, o menor desde 2001.
A Eletrobrás, por meio de suas subsidiárias, será a maior investidora individual da linha do Madeira, com 40% do investimento total -ou R$ 2,9 bilhões. Sem a participação de Furnas, Chesf, Eletronorte e Eletrosul nos consórcios, o leilão provavelmente não seria bem-sucedido.
Mesmo limitadas pelo governo à participação de 49% nos consórcios, as estatais e seus parceiros privados arremataram os maiores lotes e os que demandam mais investimentos, o que viabilizou o leilão.
Sempre recheados de empresas estrangeiras, o leilão de ontem da Aneel viu minguar a presença desse tipo de investidor. Apenas a espanhola Cymi entrou sozinha na disputa e levou os dois menores lotes de linhas e subestações ofertados.
Em consórcio com as estatais Furnas e Chesf, a Ceteep, controlada pela colombiana Isa, ficou com dois grandes lotes. A espanhola Isolux deu lance, mas não arrematou nada.
Apesar das evidências, representantes do governo avaliaram que o leilão foi um sucesso diante da crise, embora tenha provocado deságios menores.
"O leilão nos deixou satisfeitos, visto que há uma dificuldade internacional [para a obtenção de crédito]. Um deságio menor significa um preço-teto menor e um pouco menos de concorrência em relação a outras ocasiões, quando havia menos nuvens no horizonte", afirmou o diretor-geral da Aneel, Jerson Kelman.
Pelo modelo adotado pela Aneel, a concessão fica com a empresa que oferecer a menor tarifa anual para a linha de transmissão. Desse modo, promove a modicidade tarifária.
Para o secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia, Marcio Zimmermann, o leilão teria êxito mesmo sem as estatais, pois empresas sozinhas também fizeram lances, como a Cymi.

Financiamento
Também pesou favoravelmente a decisão do BNDES de facilitar o financiamento dos projetos. O banco passou a fazer empréstimos-ponte -concedidos até que o financiamento definitivo da obra com juros menores seja aprovado- e alongou o prazo de pagamento.
Um dos maiores receios do setor era que a crise inviabilizasse os empréstimos-ponte, tomados em bancos privados, que se fecharam para esse tipo de operação desde o estouro da crise. Os recursos levantados com essa modalidade de crédito são usados para tocar os projetos até sair o dinheiro do BNDES, cujo custo é menor.
"É lógico que vamos usar o BNDES. Os empréstimos-ponte, feitos agora pelo banco, ajudam muito a viabilizar o empreendimento", disse Sidinei Martini, presidente da Ceetep.

FSP, 27/11/2008, Dinheiro, p. B5

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.