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Em carta a Biden, Bolsonaro promete acabar com desmatamento ilegal até 2030

FSP - https://www1.folha.uol.com.br/mundo
14 de Abr de 2021

Em carta a Biden, Bolsonaro promete acabar com desmatamento ilegal até 2030
Presidente enviou documento dias antes de cúpula de líderes sobre mudanças climáticas

Ricardo Della Coletta
BRASÍLIA

Em carta enviada a Joe Biden, o presidente Jair Bolsonaro prometeu eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030, no mais forte aceno feito até o momento à agenda ambiental do líder americano.

Bolsonaro enviou nesta quarta-feira (14) uma carta de sete páginas a Biden, dias antes de o presidente dos EUA realizar uma cúpula com dezenas de chefes de Estado sobre mudanças climáticas. O encontro organizado por Washington será realizado em 22 de abril.

Na mensagem, Bolsonaro atendeu pela primeira vez a um dos principais pleitos dos americanos: o comprometimento com o fim do desmate ilegal nos próximos anos.

"Queremos reafirmar, nesse ato, em inequívoco apoio aos esforços empreendidos por V. Excelência, o nosso compromisso de eliminar o desmatamento ilegal no Brasil até 2030", escreveu Bolsonaro.

O teor da carta foi discutido nos últimos dias entre Bolsonaro e os ministros Carlos França (Relações Exteriores), Ricardo Salles (Meio Ambiente) e Tereza Cristina (Agricultura). A promessa sobre o desmatamento ilegal não constava em outras metas assumidas pelo país na área ambiental.

"Reitero o compromisso do Brasil e do meu governo com os esforços internacionais de proteção do meio ambiente, combate à mudança do clima e promoção do desenvolvimento sustentável. Teremos enorme satisfação em trabalhar com V. Excelência em todos esses objetivos comuns", escreveu Bolsonaro.

O presidente colocou ainda na carta uma outra sinalização: o Brasil pode antecipar para 2050 o objetivo de longo prazo de alcançar a neutralidade climática, dez anos antes do que o previamente assumido.

Bolsonaro, porém, ressaltou que a antecipação depende da viabilização de "recursos anuais significativos, que contribuam nesse sentido". O brasileiro reconheceu ainda que o país enfrenta o aumento das taxas de desmatamento na Amazônia e disse que a tendência ocorre desde 2012 -no governo Dilma Rousseff.

A carta endereçada a Biden difere do tom adotado por Bolsonaro nos dois primeiros anos de seu mandato, quando ele acusou governantes estrangeiros de questionarem a soberania brasileira sobre a Amazônia, atacou ONGs e criticou líderes indígenas.

Na carta, Bolsonaro inclusive se dispôs a trabalhar com o terceiro setor e indígenas. "Queremos ouvir as entidades do terceiro setor, indígenas, comunidades tradicionais e todos aqueles que estejam dispostos a contribuir para um debate construtivo e realmente comprometido com a solução dos problemas.

O presidente brasileiro manteve o pedido por ajuda internacional para alcançar metas de redução da emissão de carbono na atmosfera, mas recuou do discurso -encampado por Salles- de que os países precisam entregar os recursos antes de qualquer comprometimento do Brasil.

"Ao sublinhar a ambição das metas que assumimos, vejo-me na contingência de salientar, uma vez mais, a necessidade de obter o adequado apoio da comunidade internacional, na escala, volume e velocidade compatíveis com a magnitude e a urgência dos desafios a serem enfrentados", escreveu. "Inspira-nos a crença de que o Brasil merece ser justamente remunerado pelos serviços ambientais que seus cidadãos têm prestado ao planeta."

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