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04 de Out de 2024
Analfabetismo de indígenas é o dobro do registrado na população geral, aponta Censo do IBGE
Pesquisa mostra avanço na taxa de alfabetização de povos originários, mas desigualdade persiste
Clayton Castelani e Leonardo Vieceli
04/10/2024
A taxa de alfabetização de pessoas indígenas avançou no Brasil de 2010 a 2022, mas ainda segue significativamente atrasada em relação aos índices registrados na população geral do país, mostram dados do Censo 2022 do IBGE divulgados nesta sexta-feira (4).
Taxa de alfabetização representa o percentual de pessoas na população com 15 anos ou mais de idade que sabem ler e escrever pelo menos um bilhete simples, no idioma que conhecem. Pessoas dessa mesma faixa etária sem essas capacidades de leitura e escrita compõem a taxa de analfabetismo.
O comparativo entre as pesquisas mostra evolução de 90,38% para 93% da população geral alfabetizada. Quando considerada apenas a população indígena, esse índice avançou de 76,6% para 84,95% no intervalo de 12 anos.
O aumento de oito pontos percentuais na alfabetização de indígenas, contra um ganho inferior a três pontos na população geral, mostra relativo sucesso nas políticas educacionais voltadas a esse público. Mas o patamar de partida entre população geral e indígena ainda é muito desigual.
Se considerada a taxa de analfabetismo de 15,05% da população indígena, ela representa mais do que o dobro dos 7% observados no total da população do país em 2022.
Diferença que reflete o desafio representado pela desigualdade histórica em relação à garantia de direitos básicos aos povos originários, segundo a pesquisadora Marta Antunes, responsável pelo projeto técnico de povos e comunidades tradicionais do IBGE.
Quando considerada a população residente dentro de terras indígenas, a taxa de analfabetismo registrada no Censo 2022 é ainda maior, de 20,8%. O número, porém, representa queda de 11,5 pontos percentuais em relação ao índice de 32,3% apontado em 2010.
Para chegar aos resultados apresentados nesta sexta-feira, o IBGE contabilizou 1.694.836 pessoas indígenas em 4.833 municípios com incidência dessa população.
Em 2.081 municípios (52,91%) houve melhorias nas taxas de alfabetização desse público, mas em 999 cidades (21,15%) o índice de indígenas alfabetizados ficou abaixo da população geral residente em mais de 10 pontos percentuais.
Para contar a população indígena, o Censo fez a seguinte pergunta no território brasileiro: "a sua cor ou raça é?". As opções de resposta eram branca, preta, amarela, parda ou indígena.
Se uma pessoa estivesse dentro de uma localidade indígena (terra, agrupamento ou outro endereço) e não se declarasse indígena no quesito cor ou raça, o recenseador abria uma segunda questão: "você se considera indígena?".
Os dados divulgados nesta sexta focam na população indígena total, ou seja, que foi contada das duas formas (cor ou raça e pertencimento).
Dados anteriores do Censo 2022 já haviam mostrado características dos domicílios desses habitantes em áreas como alfabetização e saneamento.
Na ocasião, os dados ficaram mais centrados na população indígena declarada em cor ou raça. Há, porém, semelhanças com os resultados apresentados nesta sexta.
https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2024/10/analfabetismo-de-indige…
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